terça-feira, 23 de outubro de 2007

Os filhos de Sánchez de Oscar Lewis. Lisboa: Moraes Editores, 1970, tradução de Maria Cardoso.

Sobre o autor:

  • Nasceu em 1914 na cidade de Nova Iorque. Historiador e doutor em Antropologia pela Universidade de Columbia é, talvez, conhecido como um dos primeiros autores de referência no estudo da cultura da pobreza. Foi representante de campo dos EUA no Instituto Indiano Nacional na América Latina (1943-44) e membro da Guggenheim. Dedicou-se, nos últimos 20 anos, ao estudo de outras culturas: índios pés negros do Canadá, as quintas do Texas, plantação de açúcar em Cuba, aldeia no México e na Índia. A partir de 1943, ano de sua primeira visita ao México, a população rural e urbana deste país passou a ser seu principal objeto de estudo.

O livro é dividido em:

  • Agradecimentos
  • Introdução
  • Genealogia
  • Prólogo (prefácio): Jesus Sánchez
  • Parte I: Manuel, Roberto, Consuelo e Marta (narram suas vidas até os 15 anos. Manuel, Roberto e Consuelo iniciam a narração a partir do mesmo fato: a morte da mãe. Marta, que tinha 2 anos quando a mãe morreu, inicia sua narração contando o quanto irritou suas madrastas)
  • Parte II: Manuel, Roberto, Consuelo e Marta
  • Parte III: Manuel, Roberto, Consuelo e Marta
  • Epílogo (conclusão): Jesus Sánchez
  • Nota sobre o autor

  • Introdução:

Lewis apresenta rapidamente a família Sanchez:

Família pobre da Cidade do México, o pai, Jesus, de 50 anos, e seus quatro filhos: Manuel, 32 anos, Roberto, 29, Consuelo, 27, e Marta, 25. E anuncia seu objetivo:

“O meu objetivo é dar ao leitor uma visão clara da vida em família e do que significa crescer em uma casa de uma só divisão num bairro pobre no centro de uma grande cidade da América Latina, que está a sofrer um processo de transformação social e econômica.” (p. 11)

  • Explica qual foi seu método:

Fornecer ao leitor uma perspectiva mais profunda sobre a vida de uma família, recorrendo a uma nova técnica pela qual cada um dos membros da família conta a história da sua própria vida por meio de suas palavras.

  • E o justifica:

“Este método dá-nos uma visão cumulativa, multifacetada, panorâmica de cada individuo, da família como um todo, e de muitos aspectos da vida da classe baixa mexicana. As versões independentes dos mesmos incidentes dadas pelos vários membros da família permitem-nos ajuizar da fidelidade e validade de muitos dos dados e pôr assim de lado a subjetividade inerente a uma autobiografia única. Ao mesmo tempo, revela a discrepância ao nível da evocação dos acontecimentos, feita por cada um dos membros da família.”

  • Portanto, o método de autobiografias mútuas:

Tende a reduzir a subjetividade do investigador porque os elementos não são filtrados pela mentalidade de quem as está fazendo, neste caso, um norte-americano de classe média, já que quem fala são os indivíduos.

  • Sobre o gravador:

“O gravador utilizado para registro das historias neste livro permitiu o advento de um novo tipo de literatura de realismo social. Graças ao gravador, pessoas inexperientes, incultas, e até mesmo analfabetas, podem falar de si e contar as suas observações e experiências de uma maneira desinibida, espontânea e natural. As historias de Manuel, Roberto, Consuelo e Marta são de uma simplicidade, sinceridade e clareza que caracterizam a palavra falada, a literatura oral em contraste dom a literatura escrita. Apesar da sua falta de treino, estes jovens exprimem-se de uma maneira notável, particularmente Consuelo que por vezes atinge uma dimensão poética. Embora dominados pelos seus problemas não resolvidos e pelas suas confusões conseguiram transmitir suficientemente de si próprios e darem-nos uma visão da sua vida, fazendo-nos tomar consciência das suas potencialidades e talentos perdidos,” (p. 12)

  • Local onde se passam as histórias:

Vecindad da Casa Grande: habitação ampla com um só andar, no centro da Cidade do México. Esta é uma das centenas de vecindades que o autor conheceu em 1951, quando fez um estudo sobre a urbanização dos camponeses que vieram se instalar na Cidade do México, oriundos da Aldeia Azteca.

  • Como encontrou a família Sanchez:

Em outubro de 1956, durante um estudo sobre a Casa Grande, contatou Jesus Sánchez. Esta família fazia parte da amostragem ao acaso de 71 famílias escolhidas para este estudo na Casa Grande (p.16). Rapidamente fala de Jesus:

“Jesus vivia naquela casa há mais de vinte anos e, embora os filhos se tivessem deslocado frequentemente durante esses anos, o apartamento de uma só divisão na Casa Grande era o ponto nuclear de estabilidade das suas vidas. Lenore, a mãe e primeira esposa de Jesus, tinha morrido em 1936, poucos anos antes de terem mudado para a Casa Grande. A irmã mais velha de Lenore, Guadalupe, de 60 anos, vivia na pequena vecindad de Panaderos na rua dos Padeiros, a uns quarteirões de distancia. A tia Guadalupe era para cada um dos filhos a segunda mãe; visitavam-na frequentemente e a sua casa era para eles um refugio sempre que necessitavam. O campo de ação da historia das suas vidas situava-se assim entre a Casa Grande e a vecindad de Panaderos.” (. 13)

  • Vecindades

Da pagina 13 à 16 apresenta uma descrição detalhada das vecindades da Casa Grande e da Panaderos, comparando-as. Apresenta porcentagem de bens de consumo duráveis, renda per capita, valores de aluguéis, grau de instrução, porcentagem de uniões livres, laços de sangue, casamento e compadrazgo (relação de caráter ritual entre pais, padrinhos e afilhados).

p. 16: Último parágrafo: situa a Família Sánchez sob o ponto de vista de rendimento

p. 17: Conta como foi seu primeiro contato com a Família Sánchez

“Fui apresentado...”

  • Primeira pergunta que fez à família: As pessoas vivem melhor no campo ou na cidade?

Depois de outras perguntas desse gênero, começou com seu questionário: sexo, idade, local de nascimento, educação, ocupação, vida profissional de cada membro da família

Ao fim dessas perguntas, chegou bruscamente Jesus Sánchez. Descreve-o rapidamente e conta qual foi sua resposta sobre a pergunta “as pessoas vivem melhor no campo ou na cidade?”

  • Por que a história da Família Sánchez

Após alguns meses de trabalho com outras amostras de agregados familiares da vecindad, Lewis notou, por meio de 4 entrevistas com a família Sánchez, que esta única família ilustrava muitos dos problemas sociais e psicológicos da vida da classe baixa mexicana. Foi assim que decidiu empreender um estudo mais em profundidade: começou com Consuelo, depois Roberto e Marta. Esses contaram suas historias, que eram gravadas com seus consentimentos e autorizações. Quando Manuel regressou de viagem, cooperou também. Lewis começou a trabalhar com o pai (Jesus) seis meses depois de ter começado com os filhos. E diz: “Era difícil obter a sua confiança, mas quando finalmente concordou em deixar-me gravar a sua história, isso contribuiu para estreitar a minha relação com os filhos” (p. 18).

p. 18: penúltimo parágrafo: fala como eram realizadas as entrevistas, como fazia para obter dados íntimos e como uma amizade entre ele e a Família Sánchez foi construída.

p. 19: último parágrafo: treino de antropólogo, familiaridade com a cultura mexicana, seus valores contribuíram para os resultados da pesquisa. Tentou abarcar um amplo conjunto de temas: recordação da infância, sonhos, sexualidade, trabalho...

  • Organização das entrevistas:

p. 20: “Quando preparei a publicação das entrevistas, eliminei as minhas perguntas e selecionei, ordenei e organizei o material em histórias coerentes.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia. Eu ando à procura deste livro, por acaso não sabe onde o poderei encontrar? Não o encontro em lado nenhum e necessitava mesmo dele, de o comprar. Se puder entrar em contacto comigo: lotas1@gmail.com agradecia. Obrigada